Será que estou a falar chinês?

Mas será que também estamos a conseguir entender o que eles repetidamente nos dizem e muitas vezes de formas tão diversificadas?

Aqui a questão não é procurar atribuir culpas a nenhuma das partes, mas antes procurar identificar qual a competência que não estamos a aplicar da forma mais adequada.

E sim, a escuta ativa poderá em muito ajudar nesta dificuldade de comunicação, proporcionando um ambiente de maior confiança, abertura e tranquilidade.

Por várias circunstâncias da vida, pais e filhos podem-se afastar e retomar a conversa e as partilhas podem tornar-se difíceis.

Compreender o nível de desenvolvimento dos nossos filhos e as suas necessidades de privacidade é importante, mas isso não invalida a nossa conversa e a nossa escuta ativa.

Quais as estratégias que podes ter ao teu alcance para voltares a ter aquele contacto com o teu filho/a que tanto desejas?

No que diz respeito às questões mais académicas, de escolhas vocacionais e opções de formação, será sempre importante terem presente as seguintes dicas:
#1 – Identifiquem muito bem qual o motivo que vos leva a estarem irritados, aborrecidos com a situação. Será que a perspetiva que estás a ter é realista?
# 2 – Qual é objetivo da vossa conversa? Disciplinar, dar um sermão, quererem-se aproximar deles? Ficar focado no nosso objetivo é não deixar que haja divagação nem da nossa partem nem da deles, evitando o conflito e/ ou o descontrolo emocional de ambas as partes.
#3 Dêem prioridade à escuta daquilo que eles vos estão a dizer. Escolham o momento mais adequado para vós e para eles. Marquem um dia e hora, se isso for necessário ou utilizem as inúmeras vezes em que estão com eles entre atividades, mas onde haja sempre a possibilidade de concluir a conversa face ao objetivo que tinham.
#4 Quando introduzirem a conversa tenham em conta as palavras que usam. Utilizar os Porquês pode não ser a melhor opção para se aproximarem deles, porque vai estimular a atitude de defesa por parte deles, apresentando justificações. Realizar perguntas abertas de apelo à elaboração de resolução das situações por parte deles pode ser mais produtivo para compreendermos o seu ponto de vista – ex: Como te posso ajudar nesta situação? Como estás a ver esta questão? De que forma poderás alterar esta questão?
#5 Se eles revelarem dificuldade no diálogo, dêem-lhes espaço. Permitam que os silêncios sejam por eles quebrados, com o seu ponto de vista.
#6 Muitas vezes a dificuldade em conversar prende-se com o facto deles estarem a considerar opções diferentes das vossas, mas que eles não sabem como vos dizer. Muitas vezes eles não vos querem dececionar.
#7 Depois de os ouvirem, devolvam o que perceberam e questionem o que ainda precisam e querem saber.
#8 Se neste momento, vocês mudaram de ideias quanto a determinados percursos e até já estão melhor informados e por isso, consideram que determinados percursos podiam ser a opção mais viável para os vossos filhos e estes não vos querem ouvir. Explorem quais os motivos dessa atitude. Será que eles estão a considerar que vocês os acham menos capazes? Afinal, durante anos eles ouviram-vos dizer e apresentar argumentos muito desfavoráveis face a essas ofertas.
#9 Se os vossos filhos estão a procurar mudar de comportamentos e aplicarem-se mais aos estudos, o importante é apoiá-los. Porque o mais importante do que o resultado final é o processo onde ocorrem as aprendizagens.
#10 No final da conversa, façam o resumo da mesma e estabeleçam uma data para voltarem a conversar, de modo a evitar a tensão diária para vocês e para eles.

Partilhem comigo as vossas estratégias de conversa e de escuta ativa.