Como antecipar contratempos?

 

O objetivo aqui não é colocar em causa a escolha realizada pelo jovem, mas antes prevenir qualquer aspeto que possa interferir de forma negativa para a sua concretização. 

Algumas dessas ações podem contemplar a exploração com o jovem dos seguintes aspetos:
#1 Quais os aspetos positivos e negativos da escolha agora realizada?
Ter em atenção aos horários desses cursos, uma vez que consoante o tipo de cursos os horários poderão variar. Explorar a escola pretendida, quanto ao ambiente, ao trajeto casa-escola, à possibilidade de conciliar ou não com as suas atividades extra escolares. Antecipar a necessidade ou não de apoios escolares. Quais as competências de autonomia necessárias para a concretização dessa escolha? Que grupo de amigos eles irão manter?

#2 Quais as dificuldades que eles estão a antecipar?
Mesmo que haja resistência nesta identificação é importante ter presente que todas as decisões têm aspetos desafiantes, que devem ser identificados com antecedência. É positivo estar entusiasmado com a escolha e antecipar aquilo que lhe vai dar prazer, mas também é fundamental perceber quais os aspetos menos bons que irá enfrentar. 

Ter presente que algumas dificuldades são muito desafiantes mesmo para alunos mais velhos que irão frequentar o ensino superior. Em Portugal, existem cerca de 110 mil alunos deslocados nas nossas Universidades de Lisboa, Porto e Coimbra, onde as competências de autonomia, muitas vezes, têm um peso relevante na continuidade dos percursos escolares, ou seja, os alunos até gostam do curso, conseguem superar os desafios académicos, mas o facto de viverem sozinhos, terem de gerir a sua casa, o dinheiro, a solidão e a distância dos pais e dos seus melhores amigos, colocam em causa a sua continuidade.

#3 Identificar 5 a 10 alternativas para cada uma das dificuldades identificadas.
Não ficar com apenas uma única resposta face à dificuldade identificada, mas antes, estimular o jovem a realizar chuva de ideias face à situação identificada, para que depois então possa selecionar uma resposta possível para ser implementada, avaliada e reformulada, se necessário.

Quanto mais treinados estiverem a pensar em soluções para as dificuldades identificadas no seu dia-a-dia, mais fácil será quando estiverem sozinhos de darem continuidade a esta estratégia.

#4 Quão comprometido o jovem está com esta tomada de decisão?
De 0 a 10 quão comprometido ele estará, sendo 0 – nada comprometido – e 10 – muito comprometido. Prestar atenção às respostas e aos argumentos dado pelos jovens é relevante. Verificar se algo mais é ainda necessário realizar para que esta seja uma decisão tranquila, consciente e adequada para o jovem.

Respostas com um grau de comprometimento baixo pode indicar a existência de muita incerteza, dúvida e receios onde outras estratégias de intervenção podem ser necessárias. 

Apesar desta exploração ser realizada em conjunto com os psicólogos/as que acompanham os jovens nos processos de intervenção vocacional, os pais continuam a ser elementos determinantes nesta exploração. Não só porque muitas das alternativas apresentadas pelos jovens como estratégias de prevenção necessitam do apoio dos pais (ex: apoio financeiro, de autorização…) como também 
muitas das competências pessoais e sociais agora requeridas aos jovens já foram ou podem ser trabalhadas pelos pais em casa e nas tarefas do dia-a-dia. 

Face a todos estes desafios, caso necessitem, sintam-se à vontade para partilhar as vossas questões, dúvidas e dificuldades.